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quinta-feira, agosto 26, 2010

O regresso à escola!


1. Antigamente, ainda não há muito tempo, qualquer pai pedia a um professor para tomar em consideração o feitio e o temperamento do seu rapaz ou da sua rapariga quando chegasse o momento da avaliação final.

2. Antigamente, e ainda agora, qualquer rapaz ou rapariga, no momento final da avaliação, pedia aos professores para relevarem a sua preguiça e a sua falta de vontade e atenderem à sua disposição futura de estudar mais e superar todas as dificuldades.

3. Antigamente, e ainda hoje, o presidente da escola e/ou o presidente do conselho pedagógico, pedia aos professores para serem «razoáveis» e atenderem aos factores mais positivos da progressão dos alunos.

Os passos, ou costumes, de 1 a 3 foram sendo fixados na legislação, naquele «eduquês» que todos entendemos.

Hoje em dia, nesta contemporaneidade pós-moderna, o Estado decidiu assumir e resumir todas as modalidades discursivas em que os pedidos de 1 a 3 podiam ocorrer: fim das reprovações!

Finalmente, nós, os professores, ficámos sem desculpas para não ensinarmos e exigirmos o que tem de ser aprendido. Isto, enquanto o Estado não decretar que nada deve ser ensinado!

sexta-feira, agosto 13, 2010

Sameiro - 22 de Agosto - Vamos bailar à Senhora!

«Cantai ao Senhor um cântico novo… Louvem o seu nome com danças, cantem ao som do tímpano e da cítara…»

Nos estudos etnológicos e antropológicos, de carácter religioso ou não, não faltam as referências, sempre num passado distante, às danças populares com propósitos rituais ou de manifestação da devoção dos fiéis, ora como parte integrante de uma procissão, ora como expressão complementar da romaria ou peregrinação, antes, durante e depois do cumprimento da promessa ou do voto. As sobrevivências, no nosso país, são apontadas e descritas a dedo – dança da genebres, dança das fitas, dança do rei David, dança da mourisca, dança dos paulitos – não obstante continuarem a praticar-se cantigas populares religiosas que remetem os sentidos para a concretização coreográfica e não obstante continuarem a verificar-se momentos de prática coreográfica intensa à volta de santuários, como é o caso da Senhora da Peneda e de S. Bento da Porta Aberta, por exemplo.

Nas descrições de usos e costumes de terras e de gentes é frequente emergirem as construções teóricas acerca da religiosidade inerente à música, aos cantos e às danças, mas depois os seus praticantes, hoje frequentemente reunidos em torno de projectos folclóricos, são referidos como «actores que emprestam o corpo e a voz», ou seja, são referidos como meros figurantes de ocasião, desligados de práticas familiares e paroquiais, isentos de autonomia de decisão e de convicções culturais.

O evento «Vamos bailar à Senhora», concebido em 2004 para celebrar o centenário da coroação de Nossa Senhora do Sameiro, em boa hora promovido pelo senhor cónego Melo (já falecido e por este acto se presta homenagem à sua memória), pretendeu, em parte, remar contra esta «produção de esquecimento» e consagrar os grupos folclóricos, sobretudo estes mas também os demais praticantes, como sujeitos de criação cultural nas múltiplas vertentes que a tradição inspira e mantém vivas em algumas situações. A actual direcção da Confraria do Sameiro presidida pelo senhor Cónego João Paulo Abreu decidiu retomar este evento por ocasião da Peregrinação de Agosto, dedicada aos emigrantes. O tempo de convocação dos grupos e de preparação não foi suficiente, mas a generosidade e a dedicação dos grupos aderentes justificará esta iniciativa.

Do mesmo modo que se pode considerar natural que as instituições religiosas encomendem variadas obras musicais a compositores de renome, do mesmo modo que se pode achar pertinente a realização de eventos plurais nas igrejas e nos santuários, assim se deve considerar oportuno solicitar a intervenção coreográfica dos grupos folclóricos para abrilhantar aquelas cerimónias cuja dimensão popular e festiva é inerente à sua concepção e às suas finalidades.

Não faltando na Bíblia as referências às danças executadas em honra de Javé, nem faltando no Novo Testamento o imaginário festivo da entrada de Jesus em Jerusalém, também não faltam na tradição popular as cantigas, nem os gestos, nem os movimentos, que distinguem esta intencionalidade de rezar tocando, cantando e bailando.

Foi com estes pressupostos que se conceberam e reorganizaram letras, músicas e coreografias, retomadas da tradição e nela inspiradas, para os bailes em honra da Senhora do Sameiro: viras, chulas e malhões, interpretados colectivamente por vários grupos, como se fossem um só.

Este ano, para a peregrinação de Agosto, aderiram a esta iniciativa os grupos folclóricos de Cabreiros, Marrancos, «Sinos da Sé» e Palmeira, e o grupo de música popular de Roriz. Oxalá os resultados motivem as pessoas para a vivência dinâmica da sua fé e para a consagração do Sameiro como lugar de recriação folclórica em torno da Mãe do Céu.

domingo, agosto 01, 2010

Trabalhos para férias!

1. Deixar os parabéns antecipados ao António Castanheira que faz anos a 4 de Agosto, desejando que seja feliz com toda a sua família e amigos e que a sua presença continue a ser esse estímulo de dinâmicas culturais que sempre foi.

2. Ver as terras e costumes de outros, saindo para fora de nós. O acto é contrário aos conselhos de viagem por dentro, mas impôs-se como curiosidade histórica e cultural. Vou por terras da Sabóia e da Borgonha. Vou por lugares de culto e de partilha. Depois direi.

3. Ficará para a semana um texto sobre o evento «Vamos bailar à Senhora» que ando a preparar para 22 de Agosto, no Sameiro.

4. Levo comigo, como não podia deixar de ser pelo facto de ser professor, a sublime ideia ministerial de acabar com as repetências por lei e orçamento superior. Acabar com tudo quanto possa implicar um juizo negativo sobre os desempenhos dos cidadãos é um sinal dos nossos tempos e destes governantes de pacotilha. Acabar com a noção de mal é outro desiderato de iconoclastas inspirados. Estar sempre em trânsito de sucesso é uma ideia televisiva, virtual, portanto real, exequível. Assim nos iludimos!

5. Terminar a leitura do livro de José Alberto Sardinha «A Origem do fado» e opinar sobre a matéria.

6. Escrever um pequeno roteiro para uma exposição fotográfica sobre o fotógrafo enquanto réu permanente.

7. Ir a festas e romarias: 10 - S. Lourenço da Armada; 12/13 - S. Bento da Porta Aberta; 23/24 - S. Bartolomeu; 28 - S. João de Arga.

8. Estar sempre preparado para fazer o que não prevejo.